Moçambique pode não cumprir com a meta de erradicação da sida até 2030 devido à falta de financiamentos dos programas de combate à epidemia, informou hoje fonte do Conselho Nacional de Combate à Sida no país.
"A erradicação da doença até 2030 pode ser comprometida devido à falta de financiamentos", alertou o secretário interino do Conselho Nacional de Combate à Sida em Moçambique, Diogo Milagre, falando hoje à imprensa, à margem da cerimónia de encerramento do programa Pacto (Prevenção Activa e Comunicação para Todos).
O Pacto é um programa de formação de jovens para assistência e orientação de pessoas afectadas pela doença nas comunidades, patrocinado pela agência de desenvolvimento internacional norte-americana Usaid.
Quando as estatísticas oficiais indicam que do universo de 1,6 milhões de pessoas infectadas com sida em Moçambique apenas 640 mil procuram tratamento e mais de um terço abandonam-no logo no primeiro ano, Diogo Milagre sublinhou que a permanência dos doentes no centro de saúde só será garantida com uma estratégia de mobilização mais forte, destacando a importância de mais investimentos na área de sensibilização.
"Sem estes financiamentos nós iremos meter
poucas pessoas no tratamento", lamentou Diogo Milagre, apontando os Estados Unidos da América como o maior parceiro de Moçambique no combate à sida e apelando para um maior envolvimento de outras entidades estrangeiras.
O grande desafio de Moçambique, prosseguiu Diogo Milagre, está ligado ao cumprimento da medicação por parte dos doentes que estão a ser assistidos, principalmente nas zonas mais recônditas, onde o serviço de saúde ainda é deficitário, na medida em que só assim se pode reduzir o recurso à medicação de segundo linha, que é muito mais cara e exigente.
"Os desafios que nós temos actualmente são enormes", salientou Diogo Milagre, reiterando que "o mais importante é garantir que as pessoas cumpram com a medicação".
Por sua vez, o director da Usaid em Moçambique, Alexander Dickie, apontou a disseminação de informações sobre prevenção e assistência como base para a continuação eficaz das estratégias de combate à doença em Moçambique.
"A divulgação de informações sobre a matéria é importante nesta luta, ela pode mudar o comportamento individual das pessoas", sustentou o director da Usaid, destacando a importância do surgimento de programas similares para o país.
Além da Usaid, o Pacto contou com o apoio do Ministério da Saúde de Moçambique, tendo, durante cinco anos, formado 2.200 activistas e assistido mais de 262 mil pessoas em questões de saúde sexual, género e tratamento antirretroviral em várias comunidades do país.
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