Um grupo de agentes da Polícia Comunitária do bairro Eduardo Mondlane, distrito de Vandúzi, província central de Manica, em Moçambique, espancou dois cidadãos, um dos quais viria a perder a vida.
As vítimas, identificadas por Roberto Mafala (28) e Avelino dos Santos (26), são acusadas pelos agentes da Polícia Comunitária de tentativa de rapto de uma menor na madrugada da passada segunda-feira.
A menor encontrava-se a dormir na companhia do seu pai quando ocorreu o incidente.
Roberto Mafala contraiu ferimentos graves resultantes da agressão protagonizada pelos agentes da Polícia Comunitário e residentes daquele bairro que, enfurecidos, usaram vários objectos para agredir os suspeitos raptores.
Avelino dos Santos, sobrevivente contou que um grupo de agentes da Polícia Comunitária apareceu na casa onde estava a dormir com o seu colega de trabalho, arrombaram a porta e, de seguida, começaram a agredi-los, alegando ter recebido denúncias de um caso de rapto onde os dois jovens eram considerados como sendo os principais suspeitos.
Espantados com a triste situação, os dois tentaram defender-se em vão, até que um viria a perder a vida depois de gravemente ferido e sangrar durante várias horas.
"Estávamos a dormir. Não sabíamos de nada. De repente vi pessoas a arrombar a porta da casa. Eram os comunitários e começaram a nos violentar. Levaram-nos para a casa do líder. Fomos batidos muito até que meu colega ficou debilitado e veio a perder a vida. Sou pedreiro e não sei de nada. É uma acusação falsa", explicou o sobrevivente.
Segundo as declarações de alguns residentes, existem indicações de que o líder dos agentes da Polícia Comunitária, João Saize, teria sido a pessoa que ordenou a agressão dos suspeitos. Contudo, este refuta categoricamente ter ordenado a agressão.
João Saize explicou que os dois jovens foram encontrados a tentar raptar um menor.
Contou que naquela madrugado foi acordado pela população que lhe apresentou os supostos raptores e, na ocasião, ordenou apenas que os suspeitos fossem levados a uma unidade policial.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) afirma estar a trabalhar para apurar o que teria acontecido no seio da comunidade. Caso se constate tratar-se de um mal-entendido e identificados os promotores da agressão, que culminou com a morte do jovem, os envolvidos serão responsabilizados criminalmente.
A PRM avança que se for o próprio líder o interveniente no acto macabro, será levado à barra da justiça.
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