Os acidentes de viação continuam a semear luto e dor nas famílias moçambicanas. Dia pós dia, várias pessoas vêm os seus sonhos interrompidos por contra de carros – na sua maioria mal pilotados – as outras ficam incapacitadas para o resto das suas vidas, para além de prejuízos incalculáveis. Exemplo disso, entre 23 e 29 de Janeiro findo, pelo menos 24 cidadãos perderam a vida, 57 ficaram feridas, 22 das quais em estado grave, em resultado de 35 sinistros rodoviários, 16 dos quais do tipo atropelamento.
Alguns sinistros, alegadamente provocados por condutores negligentes, aconteceram na Estrada Nacional número 1 (EN1), na Estrada Circular de Maputo e na Avenida Joaquim Chissano, em Maputo. Os desrespeito dos limites de velocidade continuam a preocupar, segundo Inácio Dina, porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), que falava à imprensa, na terça-feira (02), no habitual briefing que visa dar a conhecer as ocorrências da semana sobre a situação da ordem e tranquilidade públicas no país.
O número de mortes aumentou seis vezes em relação ao período de 16 a 22 do mesmo mês. Refira-se que de 09 a 15 do mesmo mês houve 26 vítimas mortais.
Na última semana de 2015, foram registados 37 acidentes de viação que resultaram em 18 óbitos, 07 feridos graves e 32 ligeiros, também causados pelo excesso de velocidade e pelas manobras e ultrapassagens irregulares aliados à embriaguez.
De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em finais do ano passado, na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o nosso país está em primeiro lugar no índice de mortes por sinistralidade rodoviária e causa um fardo de milhões de dólares.
Anualmente, Moçambique regista, ainda segundo a OMS, pelo menos oito mil óbitos por conta desde mal, contra os pouco mais de 1.700 que têm sido reportados pelo Instituto Nacional dos Transportes Terrestres (INATTER).
Ainda na semana passada, a Polícia de Trânsito (PT) fiscalizou 40.152 viaturas, das quais 5.645 foram impostas multas, 136 carros apreendidos, 177 cartas de condução e 35 livretes confiscados, 18 indivíduos presos por condução ilegal. Por sua vez, a Polícia de Protecção deteve 30 pessoas por imigração ilegal e 2.480 por violação de fronteiras.
Em 2014, o Centro de Integridade Pública (CIP) desenvolveu uma pesquisa na qual concluiu que “a corrupção nas instituições de regulação e fiscalização rodoviária” é um factor que tem sido completamente ignorado pelo Governo, reina um “negócio da adulteração do conteúdo das cartas de condução” e há gente que obtém “licenças de condução sem nunca ter passado pela escola”.
Ademais, diferentes instituições públicas e da sociedade civil ainda não encaram com seriedade desejada o perigo que os acidentes de viação representam para o sucesso das suas diversas iniciativas. Por incumbência das suas funções, habitualmente, são os ministérios dos Transportes e Comunicações, através do INATTER, e do Interior, por via da PT, que procuram içar a bandeira da paz nas estradas nacionais, segundo um documento do Movimento Nacional Contra os Acidentes de Viação, denominado “STOP”.
“As restantes organizações, quer do Estado, quer privadas, incluindo a Comunidade Internacional, têm nos habituado a fazer ouvidos de mercador quando, na verdade, estão em frequente posição de vítimas que, diariamente, perdem quadros de todos os níveis por causa dos sinistros rodoviários”.
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