O metical, a moeda moçambicana, foi a divisa que mais se valorizou em janeiro, anulando parcialmente uma queda de 32% face ao dólar durante o ano passado, noticia hoje a agência de notícias financeira Bloomberg.
A reviravolta do metical, que foi um dos maiores perdedores no ano passado, e que é a moeda com melhor desempenho este ano a nível mundial, provavelmente não vai durar muito mais", escreve a Bloomberg.
Segundo a agência de notícias financeira, o metical valorizou-se 7% este mês, anulando parcialmente as perdas de 32% que registou durante o ano passado.
2016, no entanto, não será um ano fácil para Moçambique, diz a agência: "O metical deve enfraquecer-se novamente este ano por causa do abrandamento chinês e do dólar mais forte", lê-se na notícia da Bloomberg.
Já na quarta-feira, o governador do banco central de Moçambique, Ernesto Gove, tinha admitido que 2015 tinha sido um ano atípico e com muitos desafios, mas mostrou-se esperançado numa melhoria dos indicadores este ano.
"Apesar de termos iniciado o ano de 2015 com redobradas cautelas em face dos sinais que se vislumbravam já em finais de 2014, o ano transato revelou-se atípico e de muitos desafios", declarou Ernesto Gove, na abertura do 40.º Conselho Consultivo do Banco de Moçambique, na cidade de Tete, centro do país.
O governador do banco central, afirmou, citado pela Agência de Informação de Moçambique (AIM), que as séries cronológicas em posse da instituição indicam que os anos pós-eleitorais trazem fatores de estabilidade macroeconómica, concretamente na pressão sobre a inflação e nas taxas de câmbio.
Gove lembrou que, no ano passado, a balança de pagamentos "ressentiu-se de menores receitas de exportações, num contexto em que o nível de importações praticamente se manteve igual ao do ano anterior".
Além do "choque externo", traduzido pela valorização do dólar e baixa generalizada da cotação internacional das matérias-primas, lembrou, a economia moçambicana foi também afetada por desastres naturais e queda do investimento direto estrangeiro e dos volumes de ajuda externa, ao mesmo tempo que se assistiu a um acréscimo substancial do serviço de dívida pública.
"Estes fatores, conjugados com outros de natureza psicológica, pesaram fortemente para que a depreciação do metical atingisse 40% em finais do ano, ainda assim abaixo do nível de 70% que acumulávamos até novembro", observou.
Por outro lado, Ernesto Gove referiu-se à subida, decretada pelo Governo, dos preços de bens que não eram aumentados desde 2010, bem como a práticas especulativas, para justificar uma inflação acima das projeções do Banco de Moçambique e que se fixou em 10,6% no ano passado.
"A necessidade de reverter este quadro levou-nos a tomar um conjunto de medidas de política, convencionais e não convencionais, orientadas a contrariar a volatilidade cambial com impacto de curto e médio prazo na aceleração do indicador de inflação e expansão dos agregados monetários", explicou o governador do banco central.
Em 2015, o Banco de Moçambique aumentou as taxas de juro de referência em várias ocasiões, fixou limites ao uso de cartões de débito e de crédito no estrangeiro, como forma de evitar branqueamento de capitais e fuga de divisas, e disponibilizou ao mercado cambial mais de mil milhões de dólares para apoiar o processo de importação e manter o funcionamento regular da economia.
"Notamos com satisfação que no curto prazo estas medidas inverteram o comportamento da taxa de câmbio", afirmou Ernesto Gove, salientando também que a alta de preços observada em novembro registou alguma moderação no final do ano e primeiras semanas de janeiro, e que a base monetária se encontra acima das projeções da instituição.
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