O clube Golfinhos de Maputo revalidou no passado domingo(31) o título de campeão de Moçambique de verão em natação, conquistando o maior número de medalhas no torneio que decorreu na piscina olímpica do Zimpeto, na capital do país. Duas novas rainhas despontam nas nossas piscinas, chamam-se Justânia Francisco e Sumeia Damão, enquanto o rei continua a ser Igor Mogne. Porém mudanças no regulamento do Campeonato, enquanto a prova decorria, podem ter contribuído para o 13º título consecutivo dos Golfinhos.
Justânia Francisco destacou-se como a melhor nadadora do Campeonato vencendo sete das 17 provas femininas individuais. A jovem de 19 anos de idade, do clube Golfinhos de Maputo, ficou com o ouro nos 400 metros estilos, fazendo a prova em 6 minutos 09 segundos 94 décimos; nos 200 metros livres, com a marca de 2 minutos 22 segundos 03 décimos; venceu os 100 metros bruços com 1 minuto 24 segundos 38 décimos; triunfou nos 200 metros bruços com o tempo de 3 minutos 06 segundos 92 décimos; foi primeira nos 50 metros mariposa estabelecendo a marca de 32 segundos 91 décimos; liderou os 100 metros mariposa em 1 minuto 21 segundos 09 décimos; e ainda venceu a prova dos 100 metros livres com a marca de 1 minuto 09 segundos 63 décimos.

Entre os masculinos o melhor nadador moçambicano continua a ser Igor Mogne que venceu as onze em que participou, das 15 provas individuais deste nacional de verão. Nadador do clube Sporting de Portugal há cerca de dois anos, o moçambicano venceu, em representação do clube Golfinhos de Maputo as seguintes provas: 200 metros livres com 1 minutos 58 segundos 85 décimos, 50 metros costas em 28 segundos 40 décimos, os 400 metros livres com o tempo de 4 minutos 14 segundos 41 décimos,
200 metros mariposa com a marca de 2 minutos 18 segundos 94 décimos, 100 metros costas em 1 minutos 03 segundos 06 décimos, 50 metros mariposa com tempo de 25 segundos 81 décimos, 50 metros livres com a marca de 23 segundos 92 décimos e os100 metros livres em 53 segundos 30 décimos.
Igor, que está muitos segundos à frente dos restantes nadadores moçambicanos do seu escalão, estabeleceu ainda novos recordes nacional nos 800 metros livres cravou o tempo de 8 minutos 39 segundos 47 décimos, estabelceu em 16 minutos 52 segundos 85 décimos o recorde dos 1500 metros livres, e ainda em 32 segundos 07 décimos a nova marca nacional dos 50 metros bruços.
Além dos pontos, e medalhas individuais, Justânia e Igor ajudaram a sua equipa a vencerem as provas de estafetas dos 4 x 200 metros livres, 4 x 50 metros estilos mistos, 4 x 100 metros livres e dos 4 x 100 metros estilos.
“Campeonato começou com os atletas dos Golfinhos ilegalmente inscritos nas estafetas”
Entretanto este Campeonato Nacional de verão 2015/2016, que teve o seu início na quarta-feira(27), envolvendo cerca de duas centenas de atletas – e pela primeira teve representantes não só de Maputo, Sofala e Nampula mas também das províncias de Inhambane e Tete - nos escalões pré-iniciados, iniciados, infantis, juvenis, juniores e seniores, fica manchado pela mudança do regulamento da prova após a disputa de quatro jornadas.

Porém, com a justificação de permitir a inclusão dos nadadores das províncias, que treinam e competem localmente em piscinas de menos do que 25 metros, a Federação Moçambicana de Natação acedeu ao pedido de alguns clubes e eliminou o mínimos de participação passando todos atletas a competirem no mesmo nível. “(...) O que se decidiu não foi alterar o regulamento foi deslocar o mínimo de participação para pontuação”, clarificou ao @Verdade Fernando Miguel presidente da Federação Moçambicana de Natação.
A primeira questão que se impõe é porque é que esta decisão só foi tomada no decurso do Campeonato? Afinal são do conhecimento geral, e não de hoje, as condições existentes para a prática de natação em Moçambique.
O treinador do clube Tubarões de Maputo, Frederico dos Santos, alertou que o “Campeonato começou com os atletas dos Golfinhos ilegalmente inscritos nas estafetas, não deviam estar a competir porque não cumpriram com os pré-requisitos que o regulamento estabelece. A listas onomásticas mostram também atletas dos Golfinhos inscritos para o nível I e para o nível II em simultâneo, outra irregularidade”.
O @Verdade verificou as listas onomásticas e constatou que efectivamente o clube Golfinhos de Maputo inscreveu mal os seus nadadores. Inicialmente fez uma inscrição de todos atletas sem nenhuma marca e posteriormente fez uma nova inscrição com a referência dos mínimos de participação de alguns dos seus atletas porém nas estafetas - 4 x 50 metros livres masculinos e femininos, 4 x 50 metros estilos mistos, 4 x 100 metros livres masculinos e femininos, 4 x 100 metros estilos masculinos e femininos, 4 x 200 metros livres masculinos e femininos -, onde amealhou muitos dos pontos que garantiram o título nacional, não indicou os tempos de inscrição como o regulamento da prova indicava inicialmente.

Contudo o regulamento inicial do Campeonato nacional de verão 2015/2016 preconizava no seu número 8.2 que “No acto de inscrição, os clubes deverão indicar se pretendem inscrever o atleta para o nível I de competição(com mínimos de participação) ou para o nível II de competição (sem mínimos de participação, segundo o presente regulamento”, mais adiante, no ponto 8.6, estabelecia que “(...) O atleta que o seu tempo de inscrição não constar na lista onomástica, será considerado sem tempo de inscrição e, será colocado a competir no nível II de competição”.
O experiente treinador do clube Ferroviário de Maputo, Eduardo do Santos, é peremptório sobre o imperativo de alterar o regulamento enquanto o Campeonato decorria. “Não existe essa necessidade nunca, a partir do momento que um regulamento é aprovado. Normalmente os regulamentos são feitos antes da época iniciar, as propostas são apresentadas, são discutidas e são aprovados. A partir do momento em que o regulamento é aprovado é para ser cumprido”.
O Russo, como também é conhecido, responsabiliza a Federação dirigida por Fernando Miguel por estes irregularidades. “(...)Um dos aspectos primários que a Federação pecou é com as próprias inscrições, eles dizem que há Campeonato de nível I e de nível II. O primeiro é para aqueles que têm mínimos de participação e os inscritos com tempos abaixo do mínimo vão para o nível II. Eu pego nas inscrições dos Golfinhos e 95% dos seus atletas tinham que ir para o nível II. Não foi isso que eles fizeram, quando a Federação recebeu (as listas onomásticas) não tem que perguntar a nenhum clube nem tem que falar com nenhum clube apenas cumpre com o regulamento, não tem mínimos de participação vai para o nível II” afirma o treinador do Ferroviário de Maputo que apesar disso não tem dúvidas de que o clube Golfinhos seria sempre o vencedor da prova, pelo número de nadadores que inscreve e o nível desses atletas ser melhor que o da concorrência.
Sistema de recolha dos tempo dos atletas, que devia ser computadorizado, teve intervenção humana durante o Campeonato
Eduardo dos Santos referiu ainda que mesmo depois do Campeonato terminar, dois dias depois quando o @Verdade o entrevistou, “a Federação não nos consegue dar resultados, há tempos errados. Eles não estão a usar o sistema completo(de recolha dos tempos dos nadadores), a pessoa que está lá dentro está a digitar manualmente os resultados, o que está errado. Deviam trazer as pontuações jornada a jornada para podermos acompanhar e reclamar atempadamente, para depois no fim trazerem aquela pontuação vergonhosa”.
O @Verdade contactou a Associação de Natação de Maputo que, através do seu secretário-geral, clarificou que todos os clubes de Maputo “cometeram erros na inscrição colocando nas listas onomásticas atletas que deviam estar no nível II no nível I, porque não compreenderam bem a essência do regulamento (que foi elaborado com a sua participação muito antes deste Campeonato). O que aconteceu foi falta de planificação e organização”, assumiu Caetano Ruben.
Também a ensombrar o nacional de verão foi o sistema de registo das marcas estabelecidas pelos nadadores que em vez de automatizado teve intervenção humana, o equipamento regista os tempo feitos na piscina mas esses são introduzidos manualmente no sistema que o contabiliza. Ora do dia do término do Campeonato foi evidente a dificuldade não em encontrar o vencedor, pois os Golfinhos tinham claramente vencido o maior número de provas, mas em apurar os pontos de cada um dos dez clubes participantes.

“Aquele resultado que foi divulgado naquele dia(domingo(31) não estava bem” admitiu o o presidente da Federação Moçambicana de Natação que no entanto esclareceu que os problemas dos equipamentos electrónicos de registo é que ditaram “que nós só divulgássemos os resultados absolutos que eram os mais correctos”.
Questionado pelo @Verdade sobre se a verdade desportiva não estava colocada em causa Fernando Miguel sentenciou “os resultados estão certos porque para se ganhar o campeonato contam os pontos resultam da conversão das medalhas conquistadas”, e o clube Golfinhos de Maputo conquistou mais medalhas de ouro durante o Campeonato.
Entretanto, devido as irregularidades na recolha dos tempo e contabilização dos pontos, vários vencedores do Campeonato não foram até agora apurados como são os casos dos campeões de escalão e os vencedores dos escalões por sexo.
Sem comentários:
Enviar um comentário